Efeito Trump: setor de tabaco prevê aumento das exportações
Brasil pode ganhar espaço com taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos

O setor de tabaco brasileiro prevê aumento na exportação por causa das novas taxações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou a tarifa média do quilo da planta em cerca de 10% globalmente. “Com a nova tarifa, as exportações para os EUA podem sofrer uma retração, pois as empresas americanas podem reavaliar o fornecimento. México, por exemplo, continua Free Trade, ou seja, as tarifas adicionais para o México não se aplicam ao tabaco. Assim, pode haver um aumento de volume no México e também aumento de volume consumido do próprio tabaco americano (que agora terá excedente dado que a China possivelmente irá comprar menos dos EUA)”, diz Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco, entidade que congrega 14 fabricantes do setor.
As exportações brasileiras de tabaco devem ultraar a marca de 3 bilhões de dólares em 2025, segundo projeção da consultoria Deloitte, realizado a pedido do SindiTabaco. A estimativa é de crescimento entre 10% e 15% tanto em volume quanto em valor.
No primeiro trimestre deste ano de 2025, o Brasil embarcou 104 mil toneladas de tabaco, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (fonte MDIC/ComexStat). O valor comercializado teve alta de 12,85%, em relação ao ano ado, atingindo 744 milhões de dólares.
O Rio Grande do Sul é o maior exportador nacional. Somente do estado, em 2024, foram gerados 2,7 bilhões de dólares em vendas externas, onde o tabaco foi o segundo produto da pauta de exportações, representando 12,55% do total, atrás apenas da soja. De acordo com o SindiTabaco, no total geral das exportações de 2024, o tabaco representou 0,88% das exportações do Brasil e 5,08% do total da Região Sul.
Dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) mostram que a produção de tabaco do Brasil foi de 508 mil toneladas na safra 2023/24, cultivadas em 509 municípios da Região Sul do Brasil.
Por lá, o diferencial do produto se deve ao Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), pelo qual são formalizadas parcerias entre produtores rurais e empresas. As tais boas práticas incluem o uso apenas dos defensivos recomendados pela indústria e nas quantidades indicadas, seguindo diretrizes do mercado global, e o uso somente de sementes certificadas. “A preferência dos clientes internacionais pelo tabaco brasileiro é resultado direto da qualidade e integridade do produto, garantidas pelo Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT)”, afirma Thesing.