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Informação e análise

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Partido Liberal tem três dezenas de envolvidos na trama do golpe 2d5x1

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jun 2025, 13h59 - Publicado em 13 jun 2025, 06h00

Ele paira sobre o plenário do Supremo Tribunal Federal enquanto se revelam detalhes da trama do golpe de Estado de 2022, para manter Jair Bolsonaro no poder depois da derrota nas urnas. Às vezes é mencionado, mas como sujeito oculto e raramente pelo nome.

— É importante esclarecer — insistiu o juiz Alexandre de Moraes. — A cogitação (do golpe), a conversa (com os chefes militares), o início dessa questão de estado de sítio e estado de defesa teria sido em virtude da impossibilidade de recurso eleitoral, é isso?

— Sim, senhor — reconheceu Bolsonaro.

— Mas o senhor sabe que o seu partido recorreu e perdeu, por unanimidade, no plenário do Tribunal Superior Eleitoral…

O juiz se referia ao Partido Liberal. O réu acenou com a cabeça, concordando.

Quatro anos atrás, quando estava no Planalto, Bolsonaro arrendou o PL. Em troca, entregou a Valdemar Costa Neto um banco federal (Nordeste), um fundo bilionário (FNDE), áreas-chave na governança de meio ambiente (Ibama), a política fundiária (Incra), infraestrutura (DNIT), saúde e saneamento (Funasa) e fatias do Orçamento público no manejo de emendas parlamentares.

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Dessa parceria assentada no dinheiro público resultou uma máquina eleitoral eficiente para facções de extrema direita agregadas por Bolsonaro na nostalgia do regime autoritário de 1964, que quase nenhuma delas conheceu, e a sedução do golpismo para preservar o poder.

Três semanas depois da derrota de Bolsonaro para Lula, o PL disseminou a suspeita de fraude eleitoral. Pediu recontagem de votos limitada ao segundo turno da eleição presidencial, embora as urnas eletrônicas fossem as mesmas do primeiro turno, quando o partido festejou a eleição da maior bancada do Congresso, com 99 deputados e catorze senadores.

A procuradoria federal interpretou a manobra como “última etapa” de uma “estratégia” para “fundamentar a tentativa de execução do golpe de Estado”. Moraes, juiz relator do caso, rejeitou a recontagem e comentou sobre o objetivo: “(Querem) incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos, indicando para seus seguidores o esgotamento dos instrumentos legais para reversão do resultado, devendo-­se adotar uma outra forma de ação mais contundente”.

“Partido Liberal tem três dezenas de envolvidos na trama do golpe”

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O partido gastou pelo menos 1,5 milhão de reais na compra e divulgação de informações falsas sobre as urnas eletrônicas. Recebeu multa recorde de 22,9 milhões de reais da Justiça Eleitoral. Foi a partir desse evento, itiu Bolsonaro, que as conversas sobre a trama inconstitucional ganharam sentido de urgência.

Resultado: o maior e mais rico partido político brasileiro está exposto nos processos judiciais como biombo de uma arquitetura de golpe de Estado e de um plano de triplo homicídio — dos adversários eleitos, Lula e Geraldo Alckmin, e do juiz Moraes, do Supremo.

Beneficiado com a maior fatia (1 bilhão de reais) dos fundos partidário e eleitoral, atravessou os últimos três anos usando dinheiro público na folha salarial e na estrutura jurídica para sustentar alguns dos principais acusados de crimes contra o regime democrático — como Bolsonaro e o candidato a vice, Walter Braga Netto, além de suas equipes de assessores civis e militares envolvidos.

Na contagem de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, cerca de três dezenas de pessoas vinculadas ao Partido Liberal são personagens das investigações sobre a conspiração golpista.

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À distância, o partido parece ter se transformado num reduto de delinquentes. Mantém um elenco de parlamentares recordistas de delitos comuns, com uma dezena de processos cada um por corrupção e violência contra mulheres. A maioria dos acusados, porém, integra o grupo de direita radical alinhado a Bolsonaro.

É o caso da deputada paulista Carla Zambelli. Segundo a procuradoria, ela desviou recursos do fundo eleitoral do partido destinados à campanha de doze candidatos para custear tentativa de fraude nas urnas eletrônicas, invasão do banco de dados do Conselho Nacional de Justiça e falsificação de mandados judiciais contra o juiz Moraes.

Condenada a dez anos de prisão, Zambelli fugiu do país. Agora, os radicais do Partido Liberal, com aval de Bolsonaro e Costa Neto, acham que podem induzir a Câmara ao confronto aberto com o Supremo Tribunal Federal: sugerem aprovar a revogação da sentença, que foi unânime.

A aposta contínua na erosão institucional preserva a peculiaridade do acordo Bolsonaro-Costa Neto: eles fizeram do Partido Liberal um biombo para delinquências golpistas.

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Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948

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