A nova aposta da saga bilionária ‘Como Treinar o Seu Dragão’ 1j1425
Agora com atores de carne e osso (e feras computadorizadas), franquia amplia seu império com um filme que não ousa, mas encanta 3oe3

Os temidos dragões são velhos inimigos da aldeia viking da Ilha de Berk, onde até as crianças aprendem desde cedo técnicas para matar os seres alados — lição que Soluço, um rapaz de 15 anos, não consegue assimilar. Sem aptidão para a violência, o jovem magrinho tenta enfrentar uma dessas feras, mas acaba se afeiçoando ao bicho, que ganha dele o singelo nome de Banguela. A trama sobre família, identidade e tolerância embala o adorável filme Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon, Estados Unidos e Reino Unido, 2025), já em cartaz nos cinemas. Agora em versão live-action, a adaptação com atores de carne e osso — e dragões computadorizados de aparência realista (dentro dos limites da fantasia, claro) — integra a já enorme pilha de títulos da franquia. Originada nos livros infantis da autora inglesa Cressida Cowell, em 2003, e retratada em uma popular trilogia de animação iniciada em 2010, que soma 1,6 bilhão de dólares em bilheteria, a saga conta também com séries animadas de TV, curtas, peça de teatro e videogames.
Ao entrar na onda dos live-actions, a trama da DreamWorks segue os os da concorrente Disney, que só neste ano apostou no gênero em versões de Branca de Neve, que foi um fracasso, e Lilo & Stitch, um sucesso estrondoso que beira 800 milhões de dólares em bilheteria. A Disney já tem encaminhada uma adaptação de Moana para o ano que vem, e planos de fazer o mesmo com tramas como Enrolados, sobre a princesa Rapunzel, e Hércules, baseado no herói grego.
Esse cinema de clima déjà-vu está longe de parar, e a razão é simples: para além da busca por bilheteria, remakes servem para manter girando o motor inesgotável da famigerada indústria de brinquedos e produtos licenciados. Se tiver uma figura fofa, como Banguela ou Stitch, melhor ainda. Um ano antes da estreia de Lilo & Stitch, a Disney viu crescer em 247% a venda de produtos associados ao filme, especialmente envolvendo o monstrinho azul que virou febre entre as crianças. O investimento costuma ser certeiro, mas, para dar certo, deve oferecer mais que um requentado do que já ou. “O maior desafio foi fazer com que o filme fosse autêntico e verdadeiro”, disse a VEJA o diretor Dean DeBlois, que conduziu as três animações e o novo longa. Com riqueza visual e uma trama que se aprofunda um pouco mais na cultura viking, a produção, orçada em 160 milhões de dólares, cativa os antigos fãs, já crescidos, e tem a meta de atrair novos iradores da faixa infantil. Uma sequência já foi anunciada para 2027. Um pouso seguro para qualquer dragão ávido pelo lucro.
Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948